UNI Américas: Conferência Regional de Mulheres debate a importância da defesa dos direitos

 

O combate ao assédio sexual foi o principal tópico debatido na 23ª Conferência Regional de Mulheres da UNI Américas, na terça-feira (28/6), durante a 5ª Conferência Temática da UNI Américas, que acontece em Fortaleza. O encontro reúne mulheres de todo o continente.

“É importante e poderoso quando as mulheres se unem para debater suas pautas, pois isso renova a nossa disposição para a luta e nos aproxima, quando vemos que nossas pautas não são tão diferentes e, infelizmente, também compartilhamos o fato de que o desrespeito aos nossos direitos também não tem fronteiras. Nós acompanhamos, inclusive foi encaminhada uma moção de repúdio e solidariedade às nossas colegas americanas, que recentemente tiveram seus direitos atacados com relação à permissão do aborto que nada mais é do que o direito de autonomia do seu corpo. Tudo isso devido a uma onda conservadora que tomou conta da América nos últimos anos, por conta de governos da extrema direita, fascistas, misóginos, patriarcais, que não respeitam as mulheres, que não respeitam os direitos conquistados, que também são racistas e que trabalham para destruir a sociedade em sua civilidade” ressaltou a diretora da Fetrafi/NE, Cândida Chay.

“Por ironia, o esse tema foi debatido exatamente no dia em que a imprensa trazia à tona os casos gravíssimos de denúncia de assédio sexual que derrubaram o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães”, observou a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes de Oliveira. “Muito mais do que uma coincidência, o fato mostra a importância do debate sobre a questão e a necessidade de vigilância constante do movimento sindical a respeito da forma como a mulher é tratada no serviço bancário”, completou.

 

Convenção 190

O Comitê de Mulheres também discutiu a prevenção de todo o tipo de violência nos locais de trabalho e avaliou a estratégia da campanha dos sindicatos ligados à UNI para ratificação da convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre combate à violência nos locais de trabalho e de violência doméstica.

A Convenção 190 reconhece o direito de todas as pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e assédio e fornece uma estrutura comum para a ação. A resolução, que se junta à Recomendação Nº 206, é a primeira definição internacional de violência e assédio no mundo do trabalho, incluindo a questão de gênero.

A diretora da Fetrafi/NE, Cândida Chay, destacou a importância se ratificar essa convenção, justamente quando veio à tona as denúncias contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. “Nós parabenizamos e nos solidarizamos com as colegas que tiveram a coragem de trazer essas denúncias para fora do âmbito administrativo, sabendo que através da influência do governo Bolsonaro, com essa pessoa que foi indicada por ele, elas tiveram seus direitos cerceados dentro da empresa e foram vítimas desse processo que nos enoja, e agora, mais do que nunca, precisamos acompanhar muito de perto para que essa investigação seja feita, concluída e, sendo confirmada, devidamente punida, para ser usada como exemplo. As empregadas não merecem isso, a Caixa, como um banco centenário fundamental para o desenvolvimento do Brasil, não merece esse tipo de exposição por conta de uma pessoa desqualificada e, nesse quesito, reincidente, vindo da iniciativa privada”, afirmou.

 

Projeto Basta!

Em uma fala sobre o Projeto Basta! Não irão nos calar, a secretária da Mulher da Contraf-CUT ressaltou a dimensão que o programa ganhou desde sua criação. “Esse programa de acolhimento e assistência às mulheres vítimas de violência se mostrou importante ferramenta durante a pandemia, pois as mulheres estavam em casa, e o canal se tornou um facilitador para que elas efetivassem a denúncia”, afirmou.

O Projeto Basta! visa a oferecer assessoria técnica às federações e aos sindicatos, para implantação de canais de atendimento jurídico especializado para mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A ideia foi inspirada no exemplo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que desde dezembro de 2019 oferece este serviço já atendeu a mais de 200 mulheres.

 

Equidade de gênero

A secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e vice-presidenta da UNI América Mulheres, Neiva Ribeiro, destacou que a nova direção da Contraf-CUT, eleita no último congresso da entidade, possui 40% de mulheres em sua composição, inclusive na Direção Executiva. “Essa foi uma luta árdua e vitoriosa das bancárias brasileiras. Temos que garantir maior participação das mulheres nas entidades sindicais. É um processo importante de empoderamento, de formação política e de renovação do movimento sindical, porque a contribuição das mulheres e a entrada de sindicalistas jovens é um passo importante para a reinvenção e atualização da organização dos trabalhadores e trabalhadoras”, disse.

 

Moção de apoio às norte-americanas

Uma moção de apoio às mulheres norte-americanas, que tiveram o direito ao aborto legal abolido recentemente nos Estados Unidos, foi aprovada. A decisão tomada pela Suprema Corte do país, depois de 50 anos que esse direito tinha sido estabelecido, foi considerado um retrocesso histórico. O encontro terminou com um ato lúdico que envolveu todas as delegadas em homenagem ao dia mundial da luta LGBTIA+.

 

A Conferência

A 5ª Conferência Temática da UNI Américas, que acontece em Fortaleza-CE e segue até esta quinta-feira (30), reúne mais de 600 dirigentes sindicais de 24 países, que representam 124 organizações de trabalhadores filiadas à UNI Global Union. A Contraf-CUT, uma das anfitriãs do evento, participa com uma delegação de cerca de 100 sindicalistas.

Com informações da Contraf-CUT