Comando Nacional confronta inércia patronal nas negociações coletivas

Artigo por: Carlos Eduardo Bezerra Marques (Presidente da Fetrafi/NE)

Nesta terça-feira, 13 de agosto, participei da sétima rodada de negociação da Campanha Salarial 2024 dos bancários, e, infelizmente, saímos desse encontro com um sentimento de profunda frustração. Como presidente da Fetrafi/NE, representando bancários de sete estados do Nordeste, é meu dever expressar a decepção com a postura que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) tem adotado até o momento. Após quase dois meses desde a apresentação de nossas pautas, esperávamos que esta rodada fosse marcada por avanços concretos, especialmente em relação às cláusulas econômicas. No entanto, o que observamos foi uma completa ausência de propostas que atendam às nossas legítimas reivindicações.

Desde o início deste processo, temos reiterado a necessidade de um reajuste salarial que contemple um aumento real, que não se limite à mera reposição inflacionária, mas que reconheça o valor do trabalho realizado pela categoria bancária. Somos nós que, diariamente, asseguramos o funcionamento das instituições financeiras, muitas vezes sob condições adversas e submetidos a metas excessivamente exigentes, que comprometem nossa saúde e bem-estar. Nesse contexto, a manutenção dos direitos arduamente conquistados ao longo dos anos é inegociável.

Nesta última rodada, embora a Fenaban tenha apresentado algumas sugestões para cláusulas sociais que, em parte, correspondem às nossas demandas, o silêncio em relação às questões econômicas é inaceitável. Este comportamento sugere uma tentativa deliberada de postergar discussões essenciais, na expectativa de que a pressão do tempo nos force a aceitar propostas aquém das nossas expectativas e necessidades. Tal postura é um desrespeito não apenas à categoria bancária, mas também ao processo de negociação coletiva, que deveria ser pautado pelo diálogo transparente e pela boa-fé.

Reitero que nossa luta vai além das questões salariais. Exigimos condições de trabalho mais justas, que incluam menos metas abusivas e mais atenção à saúde dos trabalhadores. O ambiente de trabalho bancário tem se tornado, ao longo dos anos, um foco de adoecimento, fruto da pressão constante por resultados e da falta de medidas efetivas de proteção à saúde dos empregados. Não podemos mais aceitar essa realidade, e é nossa obrigação demandar que as instituições financeiras assumam sua responsabilidade nesse sentido.

Como presidente da Fetrafi/NE, reafirmo o compromisso de nossa Federação com a defesa intransigente dos direitos dos bancários. Não podemos encerrar esta campanha salarial sem conquistas que tragam avanços reais e significativos. A categoria bancária merece ser respeitada, e esse respeito deve se traduzir em valorização salarial, em condições de trabalho dignas e em um processo de negociação que seja verdadeiramente justo.

A Fenaban precisa compreender que não aceitaremos menos do que nos é devido. A nossa união e mobilização são nossas maiores forças, e estamos prontos para utilizá-las, caso as negociações não avancem de maneira satisfatória. A manutenção dos nossos direitos e a valorização de nosso trabalho são essenciais não apenas para a categoria, mas para o bom funcionamento de todo o setor financeiro.

Este é o momento de ação. A Fenaban tem a oportunidade de demonstrar compromisso e seriedade ao retornar à mesa de negociação com propostas concretas e justas. Estamos atentos e determinados, prontos para lutar por aquilo que é nosso por direito. A hora de avançar é agora, e não recuaremos.