Ana Prestes fala sobre eleições na Colômbia em encontro online da Fetrafi/NE

 

No início de março, mais precisamente no dia 13, os colombianos irão as urnas para renovar o Parlamento, e no final do mesmo mês, no dia 29, decidirão pelo novo presidente. Para fazer uma análise sobre a complexa conjuntura política da Colômbia em meio as eleições de 2022, a Fetrafi/NE convidou Ana Prestes, socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG, que debateu com os colegas através de reunião online, pela plataforma zoom, realizada na tarde desta terça-feira, 22.

Ana relatou que, ao conhecer a Colômbia, há 20 anos, uma das principais coisas que a chocou foi a enorme violência de Estado no país. Facilmente se mata e se morre por questões políticas e ligadas à defesa dos direitos humanos. “Hoje nós estamos fevereiro, nem terminou ainda o mês, já foram assassinados 25 líderes sociais defensores de direitos humanos na Colômbia. Desde as assinaturas dos acordos de paz na Colômbia (em 2016), já foram mais de 1200 assassinatos. E olha que não são ex-guerrilheiros, para esses existem outras estatísticas.” Essa é a atual situação comandada pela extrema-direita no país atualmente.

Um grande problema no país é a seguridade dos dados sobre essa e qualquer outra violência, número de mortos e violação de direitos humanos. A socióloga indicou, para quem quer se aprofundar mais sobre essas questões no país, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), que possui dados mais seguros referentes à violência, pois os dados do governo não são confiáveis.

Segundo a socióloga, para quem for acompanhar as eleições colombianas, possivelmente irá perceber uma enorme relação com o que aconteceu nas últimas eleições brasileiras, como disseminação de fake news, uso das redes sociais e, principalmente, na questão que ainda se vive de maneira muito forte o Brasil que é a associação de qualquer pessoa de esquerda e progressista ao comunismo. “Esse tipo de discurso foi entrando pra base da nossa sociedade e reverberou em votos. A gente imagina que esse mesmo processo vai também acontecer nas eleições colombianas, porque é algo que não tem muita fronteira, que a extrema-direita colocou em nossa sociedade” relatou Ana Prestes.