Fetrafi/NE participa do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro em Fortaleza

Evento ocorreu na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará e discutiu formas de superação do racismo nos âmbitos sociais e trabalhistas

Sindicatos da base filiada da Fetrafi/NE participaram, entre os dias 6 e 7 de novembro, do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro. O evento, organizado pela Contraf-CUT e sediado no Sindicato dos Bancários do Ceará, reuniu cerca de 120 participantes de todo o Brasil para compor as discussões. 

O fórum marca o início de um mês simbólico, que culmina no 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra e feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola que representa a resistência e a busca pela liberdade do povo negro no Brasil.

Antirracismo como combate às desigualdades

Para começar o evento, a Mesa de Abertura fez uma análise da conjuntura histórica das relações de trabalho e raciais no Brasil e suas consequências na vida da população negra. Durante a programação, os debates se centraram nas possíveis políticas de inclusão e no combate ao racismo, principalmente no mercado de trabalho. O antirracismo e demais formas de resistência às desigualdades geradas pelo preconceito racial foram tópicos importantes de discussão. Dentre as formas de resistência, os palestrantes trouxeram a Cultura, o Direito e o Parlamento como foco. 

Líderes sindicais debateram as melhores estratégias para ampliar a inclusão racial no sistema financeiro, fortalecer a formação política e sindical e lutar contra as diferentes expressões de racismo nos bancos e na sociedade. “A luta antirracista é uma pauta permanente do movimento sindical. Precisamos enfrentar o racismo institucional dentro e fora dos bancos, garantindo que a igualdade racial seja um compromisso de toda a categoria”, afirma Luciano da Silva Santos, da Secretaria de Igualdade Racial da Fetrafi/NE.

Para Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, o Fórum é um espaço essencial para discutir como o racismo se manifesta nas relações de trabalho, nas oportunidades e nas formas de ascensão profissional. “Precisamos enfrentar o racismo de forma estruturada, com políticas que garantam oportunidades reais para a população negra”, afirmou o secretário. 

Muito trabalho pela frente

O racismo estrutural continua prejudicando pessoas racializadas em todo o país, contribuindo para injustiças no mercado de trabalho e demais áreas da convivência em sociedade. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que mulheres negras recebem, em média, 53% menos que homens brancos. No mercado financeiro, a sub-representação da população negra em cargos de liderança e o preconceito velado ainda são realidades que precisam ser enfrentadas.

No Brasil, a realidade mostra que o racismo é, frequentemente, uma violência explícita. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revela que 79% das vítimas de homicídios em 2024 eram pessoas negras, e quase metade (48,5%) eram jovens entre 12 e 29 anos. “Esses números escancaram que o racismo não é um problema individual, mas estrutural. Está nas oportunidades, na renda e, tristemente, no direito à vida”, constatou Almir Aguiar.

Por isso, em um país onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado, a resistência segue sendo urgente e necessária, não só nos bancos, mas em toda a sociedade. O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra reafirma o compromisso da categoria bancária com a luta antirracista, a valorização da diversidade e a promoção da igualdade de oportunidades.