Dirigentes sindicais reforçam protagonismo na governança previdenciária durante o 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada

O 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), promovido pela Abrapp em São Paulo entre os dias 22 e 24 de outubro de 2025, reuniu lideranças, profissionais da área, órgãos de classe e entidades representativas e fiscalizadoras, além de gestores de fundos eleitos e indicados de todo o país, para discutir os rumos da previdência complementar fechada, o futuro do trabalho e os impactos da inteligência artificial sobre a gestão previdenciária e os direitos sociais.

O evento congregou fundos de pensão de diferentes categorias de trabalhadores, como Previ, Funcef, Capef, Fundação Itaú Unibanco, Banesprev, Valia, Petros e Postalis, entre outros. Esses planos de benefício reúnem milhões de participantes — trabalhadores e aposentados que, ao longo de suas carreiras, acumulam reservas formadas por contribuições pessoais e patronais, garantindo benefícios complementares à previdência pública e fortalecendo o sistema de proteção social do país.

A presença de dirigentes sindicais e representantes eleitos dos trabalhadores nesses fundos foi um dos pontos altos do congresso, reforçando a importância da governança paritária e da participação social na condução das entidades de previdência.

O debate evidenciou que a previdência complementar não é privilégio, mas um direito coletivo, sustentado por trabalho, contribuição e solidariedade entre gerações — princípios que consolidam o papel histórico do sindicalismo na defesa do futuro dos trabalhadores.
A programação do CBPP destacou painéis sobre “Inteligência Artificial e a Revolução dos Processos Tradicionais de Trabalho”, “Longevidade Digna e Sustentável” e “Políticas Públicas para Universalização da Previdência”, todos temas que dialogam diretamente com a agenda sindical contemporânea: a defesa da previdência pública, a proteção do trabalhador frente às transformações tecnológicas e a promoção de uma vida longa com dignidade.

Entre os temas mais debatidos do congresso, a longevidade foi amplamente tratada, abordando-se tanto suas oportunidades, como a ampliação da qualidade de vida e a sustentabilidade dos sistemas de proteção social, quanto seus riscos, diante do desafio de garantir benefícios justos em uma população que vive mais e precisa de segurança de renda.

A inteligência artificial também ocupou espaço relevante nas discussões, sendo apresentada em várias exposições como solução inovadora para aprimorar processos e eficiência. Contudo, prevaleceu entre os representantes dos trabalhadores a visão de que a inteligência artificial deve apoiar, e não substituir, a inteligência humana, assegurando que a tecnologia sirva como instrumento de fortalecimento da gestão e não de precarização das relações de trabalho.

A importância da previdência pública foi amplamente reafirmada como pilar essencial da proteção social brasileira. Representantes do governo, também presentes ao evento, chamaram atenção para os riscos de fragilizar ou retirar esse instrumento em um país de tamanha desigualdade, advertindo que a perda de seu caráter universal comprometeria a própria coesão social.

Os dirigentes sindicias e os representantes eleitos dos trabalhadores nos fundos de pensão destacaram a importância da necessidade de preservar e fortalecer o sistema público, complementando-o de forma solidária com os planos de previdência fechada — estes sustentados por reservas formadas a partir de contribuições pessoais e patronais e pela gestão democrática e transparente, na qual a presença sindical é decisiva.

Representantes das entidades sindicais do ramo financeiro, como Carlos Eduardo Bezerra Marques, presidente da FETRAFI Nordeste, e José Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, eleitos pelos trabalhadores para a governança e gestão da PREVI, participaram das discussões reafirmando o compromisso da classe trabalhadora com a transparência, a ética e a sustentabilidade dos planos de previdência fechada.

Segundo Carlos Eduardo, “A previdência complementar precisa continuar a serviço das pessoas, não do mercado. Os fundos de pensão são patrimônio social construído com o esforço de cada trabalhador e devem seguir sob gestão participativa e transparente”.

Para José Eduardo Marinho, “A inteligência artificial e as novas tecnologias precisam ser instrumentos de fortalecimento dos direitos sociais. Nossa missão é garantir que a inovação caminhe junto com a proteção do trabalho e com a segurança previdenciária. A longevidade é uma conquista civilizatória. É dever dos fundos e da sociedade assegurar que ela venha acompanhada de qualidade de vida, segurança de renda e dignidade para quem trabalhou uma vida inteira”.