SEEC/PE: Unidade da classe trabalhadora marca Conferência com Emir Sader

“Ninguém pode estar feliz com o que estão fazendo com o Brasil. Nosso querido País está sendo destroçado. Não respeitam mais os direitos”. A conclusão é do sociólogo e cientista político, Emir Sader, que proferiu a Conferência: Desafios da Classe Trabalhadora, nesta quarta-feira (20), no Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
Após um dia marcado por atos em defesa da Previdência pública e solidária, representantes de mais de 15 entidades sindicais e movimentos sociais reuniram-se para debater a situação política do País e refletir sobre as estratégias de mobilização e de resistência diante da retirada de direitos.
“É uma honra para o Sindicato proporcionar este momento de reflexão, necessário para pensarmos as perspectivas e preparar a esquerda para que nós possamos, juntos, encontrar os caminhos para a classe trabalhadora, que não serão fáceis. Mas vamos lutar e resistir. É a soberania brasileira que está em jogo”, afirmou a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, em saudação aos cerca de duzentos presentes.
Também participaram da abertura do evento, a secretária de Formação, Adriana Correia; o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Paulinho Rocha; e o coordenador estadual do Movimento Sem Terra (MST), Paulo Mansan. A secretária-Geral do Sindicato, Sandra Trajano, conduziu a atividade.
O sociólogo Emir Sader traçou uma linha da história da política brasileira, de 1964 a 2019, apresentando aspectos centrais presentes nos regimes ditatoriais e democráticos. Para Sader, o atual governo serve aos interesses das elites e está disposto a entregar o Brasil.
“Os três objetivos fundamentais das elites são destruir o patrimônio público, privatizar; afetar os interesses da classe trabalhadora; e liquidar as políticas públicas. Não por acaso, algumas categorias que são especialmente vítimas desta situação estão particularmente mobilizadas. Os bancários são um exemplo, porque querem destruir os bancos públicos”, pontua.
Na avaliação do cientista político, a maioria dos brasileiros não é conservadora, mas foi manipulada. Portanto, a esquerda precisará reafirmar suas propostas para disputar a agenda política do País e ampliar os espaços democráticos.
“Estão se apropriando de novo do Estado. O novo regime está montado. Tem um núcleo ultra neoliberal de um lado, escolhido por Bolsonaro para ganhar o apoio do empresariado; com a saída do ex-ministro Bebiano, só tem um civil no Planalto, os demais são todos militares; e depois tem o núcleo do estado policial. Estão blindando o poder”, alerta.
Embora as alternativas para a classe trabalhadora ainda não sejam claras, a resistência e a mobilização dos trabalhadores devem ser prioridades para este período. Um dos primeiros desafios será impedir a aprovação da proposta de reforma da Previdência, apresentada ao Congresso.
“O crescimento da economia, com mais gente com carteira de trabalho assinada, é a única forma de fortalecer a Previdência. Querem impedir que a pessoa se aposente, como se fosse gerar uma garantia de aposentadoria no futuro. Se fosse tão bom o projeto, teriam incluído os militares e os próprios parlamentares. A classe trabalhadora é vítima do capital”, afirma Sader.
Apesar do cenário adverso, os trabalhadores saíram mais fortalecidos e confiantes do evento, segundo a secretária de Formação do Sindicato, Adriana Correia. “A formação é indispensável para a militância, especialmente neste momento desafiador. Com unidade, vamos defender os direitos da classe trabalhadora e a democracia brasileira”, conclui.
CURSO – A programação segue com o curso de Formação sobre a Política do Século XXI, nesta quinta-feira (21), no Armazém do Campo – Recife, e na sexta-feira (22), no auditório do Centro de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Campus Agreste.