Auxílio emergencial: dos 49,2 milhões de cadastros, somente 20 milhões receberam os R$ 600

Caixa pagou menos da metade dos cadastrados; 29,2 milhões ainda não receberam o auxílio. Entre elas, 13,61 milhões estão com o cadastro em análise na Dataprev

Desde o dia 7 de abril – quando foi lançado o aplicativo e site do auxílio emergencial – o sistema da Caixa recebeu 49,2 milhões de cadastros. São trabalhadores informais e autônomos – não incluídos no Cadastro Único – que estão sem renda durante essa pandemia do coronavírus.

Mas até o momento, somente 20 milhões de brasileiros receberam os R$ 600 em conta ou teve o saque liberado. De acordo com os números divulgados pela Caixa, 29,2 milhões de pessoas ainda não receberam o auxílio emergencial.

A Dataprev informou, nesta segunda-feira (27), que havia recebido da Caixa um total de 46 milhões de cadastros que foram realizados pelo aplicativo ou site do auxílio emergencial. Desses, 40,85 milhões teriam sido processados e 20,27 milhões foram aprovados, enquanto 6,97 milhões foram reprovados.

Só que a Dataprev ainda está analisando 13,61 milhões de cadastros. São pessoas que estão esperando uma resposta desde o dia 7 de abril e já estão perdendo as esperanças. Por que tanta demora? São CPFs que precisaram de uma revisão cadastral, segundo a Dataprev.

A empresa também informou que o processamento total finalizaria no início desta semana, mas até o momento não foi divulgada nenhuma informação nova. Enquanto isso, milhares de brasileiros que precisam do auxílio ainda não receberam o pagamento e não sabem se isso vai acontecer.

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Descaso do governo

O descaso do Governo Federal com a população e as trapalhadas relacionadas ao auxílio emergencial mostram que a realidade do brasileiro é completamente desconhecida.

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra um cenário alarmante. São 12,9 milhões de pessoas desempregadas e 36,8 milhões de brasileiros na informalidade.

Mesmo assim, o governo achou que a procura pelo auxílio emergencial não seria grande. De acordo com o Ministério da Cidadania, o valor disponível para cada uma das três parcelas é de R$ 32,7 bilhões. Mas foi preciso solicitar ao Ministério da Economia um crédito suplementar para completar o recurso que havia sido liberado inicialmente.

Na última sexta-feira (24), a Medida Provisória nº 956 garantiu o aporte de mais R$ 25,7 bilhões para o pagamento dos R$ 600. No mesmo dia da liberação do aporte, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, afirmou que “no início da semana que vem vamos definir o calendário de pagamento da segunda parcela”.

A “semana que vem” já está chegando ao fim e o Governo Federal ainda não falou nada sobre o novo calendário. A Caixa segue divulgando o pagamento somente da primeira parcela e não fala nada sobre as demais parcelas do auxílio emergencial.

Falta informação para a população

O brasileiro tenta resolver a situação pelos canais digitais da Caixa, mas a falta de informação e de solução para os problemas acaba levando a uma corrida até às agências.

Desde o dia 7 de abril, unidades do Banco Público em todo o País registram filas enormes. Nesta segunda-feira (27) começou o saque em dinheiro do auxílio emergencial e com ele os problemas nas agência pioraram.

Muitos que lotam as filas sequer sabem que o pagamento dos R$ 600 em dinheiro é feito de forma escalonada, de acordo com o mês de nascimento das pessoas. Outros não sabem que é preciso baixar o aplicativo Caixa Tem para realizar o saque em caixas eletrônicos e casas lotéricas.

Além de ser um desrespeito com o brasileiro, essas filas enormes são uma grande ameaça à saúde dos que estão aguardando atendimento e também dos empregados da Caixa que estão no atendimento.